quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Os reinos do mundo e o reino de Cristo

Referência: Daniel 7.1-28

INTRODUÇÃO

1. Este capítulo inicia a segunda parte do livro de Daniel. Nos capítulos 1-6 vimos a parte histórica do livro; agora, nos capítulos 7-12, veremos a parte profética;

2. O livro de Daniel é chamado de “Apocalipse do Velho Testamento”.

3. O capítulo 7 está dividido em duas grandes partes: v. 1-14 retrata o sonho de Daniel; v. 15-28, a interpretação do sonho.

4. Daniel 7 trata do desenrolar da história humana até o fim do mundo. Se olharmos apenas para os Reinos deste mundo somos o povo menos favorecido da terra, mas se olharmos para o trono de Deus, somos o povo mais feliz da terra. Os impérios do mundo surgem, prosperam e desaparecem, mas o Reino de Cristo permanece para sempre.

5. Na convulsão terrível da história, Daniel olha e vê Deus assentado no trono (v. 9-11). Antes da igreja passar pela perseguição do mundo e do Anticristo ela precisa saber que Deus está no trono e que Cristo vai voltar para nos dar o Seu Reino (v. 12-14).

I. OS REINOS DO MUNDO

1. Eles estão debaixo da soberania de Deus – v. 2-3

• Os quatro ventos que agitam o mar vêm do céu. Os quatro ventos falam da universalidade e totalidade do mundo. O mundo todo estará envolvido nos acontecimentos.

• Como o mar é um símbolo dos povos em sua convulsão histórica e o vento um símbolo da intervenção de Deus na terra, podemos afirmar que o levantamento dos Reinos do mundo é um ato da soberania de Deus. Ele levanta reinos e abate reinos. Foi Deus quem trouxe os caldeus. Foi Deus quem entregou Jerusalém nas mãos de Nabucodonosor. Foi Deus quem entregou a Babilônia nas mãos de Dario. É Deus quem dirige a história.

2. Eles vêm da convulsão dos povos, nações e raças – v. 2-3

• O Mar Grande é uma descrição literal do Mar Mediterrâneo e um símbolo dos povos raças e línguas, de onde procedem os reinos que Daniel vai descrever. Os impérios são levantados e derrubados. Da convulsão dos povos surgem os grandes reinos. Eles crescem, fortalecem-se, deterioram-se e caem, mas só o Reino de Deus permanece para sempre, conforme Daniel capítulo 2.

• A descrição dos quatro animais do capítulo 7 é um texto paralelo da descrição da grande imagem levantada por Nabucodonosor no capítulo 2. O capítulo 2 trata do assunto numa perspectiva humana e o capítulo 7 numa perspectiva divina. O capítulo 2 trata a história dos impérios em seu aspecto externo: esplendor; o capítulo 7 trata do aspecto espiritual interno – são como feras selvagens. Como a revelação de Deus é progressiva, o capítulo 7 acrescenta fatos não contemplados no capítulo 2.

• Esses quatro animais sobem do mar de forma sucessiva e não simultânea. Esses animais, representando impérios, são também, diferentes uns dos outros. Todos eles são representados por animais ferozes. Todos serão destruídos. Todos agem no tempo determinado por Deus (v. 12).

3. A descrição dos grandes animais, ou seja, dos quatro impérios – v. 3-7

• Esses quatro animais representam quatro reis, ou seja, quatro impérios (v. 17).
A) O Leão, o Império Babilônico – v. 4

• O leão é o rei dos animais e a água, a rainha das aves. Ambos são um símbolo da grandeza da Babilônia.

• As asas arrancadas falam de Nabucodonosor sendo expulso do trono para viver com os animais (Capítulo 4).

• Quando o texto fala que lhe foi dado mente de homem, isso se refere à sua conversão.
B) O Urso, o Império Medo-Persa – v. 5

• Aqui Daniel fala do Império Medo-Persa. Essas três costelas na boca do urso é um símbolo dos três reinos conquistados: Lídia, Egito e Babilônia.
C) O Leopardo, o Império Grego – v. 6

• O leopardo alado é um símbolo de sua grande velocidade e agilidade de movimentos. Esse animal é um símbolo do Império Grego-Macedônio. Em 334 Alexandre Magno empreendeu sua surpreendente conquista que em um período de dez anos o levou a ser soberano de um vasto império.

• Educado por Aristóteles, Alexandre difundiu a cultura grega entre os povos vencidos. Assim, o grego tornou-se idioma conhecido em todo o mundo antigo e veio a ser a língua que o Novo Testamento foi escrito. Ele fundou a cidade de Alexandria, conhecida mundialmente pela sua famosa biblioteca e pelo Farol na ilha de Faros, uma das sete maravilhas do mundo antigo.

• Com sua súbita morte em 323 na Babilônia, seu Reino foi dividido em quatro cabeças, ou seja quatro divisões do Império.
Quatro generais dominaram o Reino de Alexandre:
1) Grécia e Macedônia – Casandro;
2) Egito e Palestina – Ptolomeu;
3) Trácia e grande parte da Ásia Menor – Lisímaco;
4) Síria e grande parte do Médio Oriente – Selêuco.

• Diz o verso 6 que o domínio lhe foi dado. Foi Deus quem levantou Alexandre Magno. Deus dirige a história.

D) O Quarto Animal: Espantoso, Terrível e sobremodo Forte – v. 7

• O que caracteriza o quarto animal é sua força e poder. Sua capacidade de destruir: tinha grandes dentes de ferro; devorava e fazia em pedaços, pisava aos pés o que sobejava. Todas essas características sugerem força e insensibilidade com suas vítimas (v. 23).

• Esse quarto animal tem dez chifres, que são identificados como dez reis (v. 24).

• Esse quarto animal é uma descrição do Império Romano. Em 241 a.C., os romanos derrotaram os cartagineses e ocuparam a ilha de Sicília. Em 218, as legiões romanas fizeram sua entrada na Espanha. Em 202 os romanos conquistaram Cartago. Em 146 tomaram a cidade de Corinto. Em 63 a.C. Pompeu ocupou a Palestina. Em 30 a.C., Marco Antonio incorporou o Egito ao território romano. De modo que antes do nascimento de Cristo os romanos tinham praticamente o controle do mundo conhecido.

• O Império Romano experimentou dois séculos de glória e esplendor. Em 476 d.C., os bárbaros puseram fim ao império romano no Ocidente e em 1453 d.C., os turcos ocuparam a cidade de Constantinopla e o Império Romano no Oriente se desintegrou.

• O império romano é diferente dos três primeiros (v. 23). Os três primeiros foram absorvidos um pelo outro, mas o quarto império será destruído por intervenção divina. A pedra vai torná-la pó. O Reino de Cristo vai encher toda a terra.

II. O REINO DO ANTICRISTO

1. A Pessoa do Anticristo – v. 8

• O Anticristo escatológico será uma Pessoa e não um sistema. Ele tem um número de homem, 666. Ele é descrito por Daniel como o “Pequeno Chifre”. O apóstolo João o chama de o Mentiroso, o Anticristo e a Besta. O apóstolo Paulo o chama de o homem da iniqüidade, o iníquo, o filho da perdição. Jesus o chama de o abominável da desolação.

• Anti = oposto a; em lugar de. O Anticristo não só se oporá ao Senhor Jesus Cristo, mas também terá a intenção e tentará colocar-se em seu lugar.

• Embora o espírito da iniqüidade, ou seja, o espírito do anticristo já opera. Embora muitos anticristos existam. Embora todo aquele que se opõe a Cristo ou queira ocupar o lugar de Cristo é um anticristo, esse pequeno chifre, é uma pessoa escatológica, que vai perseguir brutalmente a igreja antes da segunda vinda de Cristo.

2. A Origem do Anticristo

• O Anticristo é um simulacro da encarnação. Sua origem é satânica. Ele recebe todo o poder, autoridade e o trono de Satanás.

• O Anticristo tem também uma origem mundana. O pequeno chifre surge do quarto animal, entre os outros dez chifres. Ele não será um ser extra-terrestre, um demônio, mas um homem.

• O pequeno chifre é pequeno só no começo (v. 8), mas vai crescendo progressivamente até distinguir-se como mais robusto que os outros chifres (v. 20). Ou seja, o governo do Anticristo será a expressão mais forte de poder na terra, até ser desarraigado por Cristo.

• O que significa esses dez chifres, de onde procede o pequeno chifre, o Anticristo? O número dez na interpretação amilenista é simbólico, como simbólico é todo o texto. Esses dez chifres representam um estágio posterior na história deste império (v. 24). Sucedeu o império romano uma multiplicidade de reinos. Dez é um número completo. O Anticristo surge numa terceira etapa desse reino. Agora o poder se concentra num indivíduo. Ele vai querer ser deus (2 Ts 2:3-4).

• O Anticristo será o último dominador do mundo. Com ele também cessa o domínio e o poder dos outros reinos. Ele será o último líder mundial.

3. A Ação do Anticristo

A) Ódio a Deus
• Sua boca fala insolência (v. 8,20). Proferirá palavras contra o Altíssimo (v. 25). Cuidará em mudar os tempos e a lei (v. 25).

B) Perseguição aos santos
• O Anticristo faz guerra contra os santos e prevalece contra eles (v. 21). Ele vai magoar os santos do Altíssimo (v. 25). Os santos lhe serão entregues nas mãos (v. 25).

C) Desordem anárquica
• O Anticristo vai mudar os tempos e a lei (v. 25). Ele é chamado o homem da iniqüidade, ou seja, o homem sem lei. Ele não vai respeitar leis.

4. A derrota do Anticristo

A) Seu domínio é limitado (v. 25)
• O Anticristo é limitado quanto ao tempo e quanto ao poder. Ele não tem poder. O poder lhe é dado. Ele só pode ir até onde Cristo lhe permite ir. Ele poder tirar a vida dos santos, mas não fazer deles seus seguidores. Seu tempo de ação não é eterno. Um dia Cristo vai dizer: Basta! Então ele será destruído e lançado no lago do fogo.

B) Seu domínio é tirado (v. 12, 25,26)
• O domínio é tirado dos quatro reinos (v. 12). Também o domínio do Anticristo é tirado (v. 26). O Anticristo não pode resistir Àquele que lhe tira o domínio. Ele é um inimigo limitado quanto ao tempo (v. 25) e limitado quanto ao poder (v. 26).

C) Seu domínio é destruído (v. 11,26)
• O Anticristo será destruído pelo fogo (v. 11). Ele será lançado no lago do fogo (Ap 19:20). Ele será aniquilado pela manifestação da vinda de Cristo (2 Ts 2:8).

• O Trono santo, justo e vitorioso de Deus é descrito (v. 8-11). O mesmo Deus que é o deleite dos remidos (v. 10) é o terror dos ímpios (v. 10-11).

• O Tribunal do Céu removerá o Anticristo e todo o seu poder. O mal pode afigurar-se onipotente, mas é uma ilusão. O poder absoluto pertence só a Deus. A culminação da história não será o triunfo do mal, mas o triunfo de Cristo e da sua igreja (v. 27).

III. O REINO DE CRISTO

1. O Reino de Cristo está presente, mas ainda não na sua plenitude – v. 13-14

• Anthony Hoekema fala da tensão entre o JÁ e o AINDA NÃO do Reino de Cristo.

• Deus está no trono (v. 9). Seu trono exerce juízo desde agora, pois seu trono é como um rio de fogo (v. 10). Aquele que está no trono é adorado e servido por milícias celestiais (v. 10).

• Mas, a plenitude do Reino de Cristo se dará na sua segunda vinda (v. 13-14).

2. O Reino de Cristo será universal – v. 14

• Os povos, nações e homens de todas as línguas vão servir a Jesus (v. 14). Diante dele todo joelho vai se prostrar (Fp 2:9-11). Não haverá um centímetro sequer do universo que não vai se dobrar ao governo absoluto de Cristo.

3. O Reino de Cristo será eterno – v. 14

• Todos os reinos do mundo caíram. O Reino de Anticristo também cairá. Mas o Reino de Cristo será eterno, indestrutível, vitorioso. Os grandes impérios ruíram. As grandes potências mundiais vão cair. Todo o sistema do mundo entrará em colapso. Mas, o Reino de Cristo é indestrutível.

4. O Reino de Cristo vai prevalecer sobre todos os Reinos do mundo – v. 26-27

• Cristo é o grande juiz que vai assentar no trono. Seu tribunal é grande trono branco. Na sua segunda vinda Cristo vai tirar o domínio do Anticristo e vai destruí-lo. Todos os reinos do mundo serão do Senhor e do seu Cristo. Ele vai colocar todos os seus inimigos debaixo dos seus pés.

• O Reino de Cristo é conquistador, vitorioso, irresistível. O Reino de Cristo é a pedra lavrada não por mãos que toca na estátua, símbolo dos reinos do mundo, e a transforma em pó. O Reino de Cristo vai encher toda a terra (Daniel 2).

5. O Reino de Cristo será partilhado com os santos – v. 18,22,27

• A igreja não apenas estará no céu, mas também em tronos. Ela não apenas servirá ao Rei, mas também será co-regente com o Rei. Não apenas seremos glorificados, mas também exaltados.

• A igreja vai receber o reino eternamente. Quanto Cristo voltar a igreja estará para sempre com ele, em uma festa que nunca vai terminar (v. 18).

• A mesma igreja mártir, será a igreja honrada (v. 22).

• O Reino de Cristo dado à igreja é um reino universal (v. 27).

IV. IMPLICAÇÕES PRÁTICAS

1. As profundas implicações dessa batalha espiritual devem provocar em nós grande impacto – v. 15,28

• Daniel ficou alarmado e perturbado diante dos dramas da história que haveriam de se desenrolar (v. 15). O seu rosto se empalideceu (v. 28). Daniel ficou perplexo ao ver essa invasão do mal na história e a devastação que ele opera. Não deveríamos nós também nos alarmar? Estamos anestesiados ao ponto de perdermos a sensibilidade?

• Não deveríamos ter a mesma sensação de Daniel? Mesmo que o mal já esteja derrotado e que seus agentes já estejam com a sua condenação lavrada, não deveríamos nós, à semelhança de Daniel, ficarmos também alarmados?

2. A presença das forças do mal na história deve nos levar à oração, jejum e vigilância

• As forças derrotadas do mal ainda não foram destruídas. Elas têm um grande potencial de provocar devastação e tragédia. Precisamos enfrentar essas forças do mal em oração, jejum e vigilância. Apocalipse 12 nos diz que o dragão foi expulso do céu, mas ele desceu à terra com grande cólera. A terra está passando grandes aflições. Nosso inimigo está encolerizado. Ele agirá terrivelmente até o dia em que for lançado no lago do fogo. O mal que deprimia a Daniel permanece até hoje.

3. Precisamos olhar para as grandes tensões na história na perspectiva de que Deus está no trono e Jesus vai voltar vitoriosamente – v. 9-14

• Não importa o que está pela frente, Deus está no trono. Seu trono é um rio de fogo. Os inimigos que oprimem a igreja serão julgados e condenados. O noivo da igreja vai voltar e nos dar o seu Reino eterno e glorioso.

Rev. Hernandes Dias Lopes

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