sexta-feira, 19 de abril de 2024

OBRAS MAIORES QUE AS QUE JESUS FEZ? | Augustus Nicodemus

“Em verdade, em verdade vos digo que aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai.”

Jesus fez esta promessa aos seus discípulos na noite em que foi traído, antes de ir com eles para o Getsêmani, durante o jantar em que instituiu a Ceia. O Senhor falou que iria para o Pai preparar lugar para os discípulos (Jo 14.1-4), e em seguida explicou como eles chegariam lá (14.5-6). Respondendo ao pedido de Filipe para que lhes mostrasse o Pai, Jesus explica que Ele está de tal forma unido ao Pai, que vê-lo é ver o Pai (14.7-9). E como prova de que Ele está no Pai e o Pai está nEle, Jesus aponta para as obras que realizou (14.10-11). E em seguida, faz esta promessa, “aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (14.12).

Este dito de Jesus é difícil porque parece prometer que seus discípulos seriam capazes de realizar os milagres que Ele realizou, e até mesmo maiores, se somente cressem nEle – e pelo que lemos no livro de Atos e na história da Igreja, esta promessa não parece ter-se cumprido. Compreender o real sentido desta passagem tem se tornado ainda mais crucial pois ela tem sido usada, após o surgimento do movimento pentecostal e seus desdobramentos, para defender modernas manifestações miraculosas, iguais e maiores dos que as efetuadas pelo próprio Jesus Cristo.

Há duas principais tentativas de interpretar este dito de Jesus:

1. As “obras” são os milagres físicos realizados por Jesus

A interpretação popular e mais comum, aceita pela maioria dos evangélicos no Brasil (esta maioria, por sua vez, é composta na maior parte por pentecostais e neopentecostais), é que Jesus realmente prometeu que seus discípulos seriam capazes de realizar os mesmos milagres que Ele realizou, e mesmo maiores. É importante notar que muitos membros de igrejas históricas, como presbiterianos, batistas, congregacionais e episcopais, entre outros, também foram influenciados por este ponto de vista. 

Nesta interpretação, a palavra “obras” é entendida exclusivamente como se referindo aos milagres físicos que Jesus realizou, como curas, exorcismos e ressurreição de mortos. Os adeptos desta interpretação entendem que existem hoje pastores, obreiros e crentes com capacidade para realizar os mesmos milagres de Jesus – e até maiores. Defendem que curas, visões, revelações e de outras atividades miraculosas estão acontecendo no seio de determinadas igrejas nos dias de hoje, exatamente como aconteceram nos dias de Jesus e dos apóstolos. E desta perspectiva, se uma igreja evangélica não realiza estes sinais e prodígios, significa que ela é fria, morta, sem fé viva em Jesus.

Apesar desta interpretação parecer piedosa e cheia de fé (e é por isto que muitos a aceitam), tem algumas dificuldades óbvias. Primeira, apesar dos milagres que realizaram, nem os apóstolos, que foram os cristãos mais próximos desta promessa, parecem ter suplantado aqueles de Jesus, em número e em natureza. Jesus andou sobre as águas, transformou água em vinho, acalmou tempestades e suas curas, segundo os Evangelhos, atingiram multidões. Não nos parece que os apóstolos, conforme temos no livro de Atos, suplantaram o Mestre neste ponto. 

Segundo, a História da Igreja não registra, após o período apostólico, a existência de homens que tivessem os mesmos dons miraculosos dos apóstolos e que tenham realizado milagres ao menos parecidos com os de Jesus. Na verdade, os grandes homens de Deus na História da Igreja nunca realizaram feitos miraculosos desta monta, como Agostinho, Lutero, Wycliffe, Calvino, Bunyan, Spurgeon, Moody, Lloyd-Jones, e muitos outros. Os pregadores pentecostais que afirmam ser capazes de realizar milagres semelhantes, e ainda maiores, não têm um ministério de cura e milagres consistente e ao menos semelhantes aos de Jesus. 

O famoso John Wimber, um dos maiores defensores das curas modernas, morreu de câncer na garganta. Antes de morrer, confessou que nunca conseguiu curar uma criança com problemas mentais, e nem conhecia ninguém que o tivesse feito.  Os cultos de cura de determinadas igrejas neopentecostais alegam milagres que ninguém pode realmente comprovar. Terceiro, esta interpretação deixa sem explicação o resto da frase de Jesus: “aquele que crê em mim fará também as obras que eu faço e outras maiores fará, porque eu vou para junto do Pai” (14.12). E por último, esta interpretação implica que os cristãos que não fizeram os mesmos milagres que Jesus fez não tiveram fé suficiente, e assim, coloca na categoria de crentes “frios” os grandes vultos da História da Igreja e milhões de cristãos que nunca ressuscitaram um morto ou curaram uma doença.

2. As “obras” se referem ao avanço do Reino de Deus no mundo

A outra interpretação entende que Jesus se referia obra de salvação de pecadores, na qual, obviamente, milagres poderiam ocorrer. Os principais argumentos em favor desta interpretação são estes:

a. A expressão “quem crê em mim” é usada consistentemente no Evangelho de João para se referir ao crente em geral, em contraste com o mundo que não crê. Examine as passagens abaixo:

Jo 6:35  Declarou-lhes, pois, Jesus: Eu sou o pão da vida; o que vem a mim jamais terá fome; e o que crê em mim jamais terá sede.

Jo 6:47  Em verdade, em verdade vos digo: quem crê em mim tem a vida eterna.

Jo 11:25-26  Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá; e todo o que vive e crê em mim não morrerá, eternamente. Crês isto?

Jo 12:46  Eu vim como luz para o mundo, a fim de que todo aquele que crê em mim não permaneça nas trevas.

Fica claro pelas passagens acima que aqueles que crêem em Jesus são os crentes em geral, e que a fé em questão é a fé salvadora. Por analogia, a expressão “quem crê em mim” em João 14.12 também se refere a todo crente, e não àqueles que teriam uma fé tão forte que seriam capazes de exercer o mesmo poder de Jesus em realizar milagres – e até suplantá-lo!

b. O termo “obras” referindo-se às atividades de Jesus, é usado no Evangelho de João para se referir a tudo aquilo que Ele fez, conforme determinado pelo Pai, para mostrar Sua divindade, para salvar pecadores e para glorificar ao Pai. Veja estas passagens: Jo 4:34; 5:20,36;  6:28,29; 7:3; 9:3,4; 10:25,32,33,37,38; 14:10,11; 14:12; 15:24; 17:4. 

O termo “obras” não se refere exclusivamente aos milagres de Jesus, muito embora em algumas ocorrências os inclua. No contexto da passagem que estamos examinando, Jesus usa o termo “obras” para se referir às palavras que Ele tem falado: “Não crês que eu estou no Pai e que o Pai está em mim? As palavras que eu vos digo não as digo por mim mesmo; mas o Pai, que permanece em mim, faz as suas obras” (Jo 14.10). 

É evidente, portanto, que não se pode entender o termo “obras” em Jo 14.12 como se referindo exclusivamente aos milagres físicos realizados por Jesus. O termo é muito mais abrangente e se refere à sua toda atividade terrena realizada com o fim de salvar pecadores: palavras, atitudes e, sem dúvida, milagres.

c. A frase “porque eu vou para junto do Pai” fornece a chave para entender este dito difícil. Enquanto Jesus estava neste mundo, sua ação salvadora era limitada pela sua presença física. Seu retorno à presença do Pai significava a expansão ilimitada do Reino pelo mundo através do trabalho dos discípulos, começando em Jerusalém e até os confins da terra. Como vimos, as “obras” que Ele realizou não se limitavam apenas aos milagres físicos, mas incluíam a influência dos mesmos nas pessoas e a pregação do Reino efetuada por Jesus. Estas obras, porém, estavam limitadas pela Sua presença física em apenas um único lugar ao mesmo tempo. 

As “obras maiores” a ser realizadas pelos que crêem devem ser entendidas deste ponto de vista: os discípulos, através da pregação da Palavra no mundo todo, suplantaram em muito a área de atuação e influência do Senhor Jesus, quando encarnado. 

Adotar a interpretação acima não significa dizer que milagres não acontecem mais hoje. Estou convencido de que eles acontecem e que estão implícitos neste dito do Senhor Jesus. Entretanto, eles ocorrem como parte da obra de expansão do Reino, que é a obra maior realizada pela Igreja.

O dito de Jesus, portanto, não está prometendo que qualquer crente que tenha fé suficiente será capaz de realizar os mesmos milagres que Jesus realizou e ainda maiores – a Escritura, a História e a realidade cotidiana estão aí para contestar esta interpretação – e sim que a Igreja seria capaz de avançar o Reino de Deus de uma forma que em muito suplantaria o que Jesus fez em seu ministério terreno. Os milagres certamente estariam e estão presentes, não como algo que sempre deve acontecer, dependendo da fé de alguns, e não por mãos de pretensos apóstolos e obreiros super-poderosos, mas como resposta do Cristo exaltado e glorificado às orações de seu povo.

Augustus Nicodemus

(ED) - Os Erros do Romanismo (55) É a Igreja Católica Apostólica Romana cristã - Parte 3 | Ageu Magalhães

quarta-feira, 10 de abril de 2024

Dietrich Bonhoeffer


Dietrich Bonhoeffer nasceu em Breslau, Alemanha (agora Wrocław, Polônia), filho de Karl e Paula Bonhoeffer. Em 1923, Bonhoeffer iniciou seus estudos de teologia na Universidade de Tübingen.

De 1929 a 1930, serviu como coadjutor (assistente de pároco) em uma congregação alemã em Barcelona, na Espanha, e, depois, como pastor de expatriados alemães. Em 1930, estudou no Union Theological Seminary, em Nova York. Participou da Abyssinian Baptist Church, no Harlem, congregação a que foi atraído pelo louvor caloroso e convicto, pelas canções afro-americanas e pela pregação de Adam Clayton Powell.
Tendo o nazismo se descortinado por toda a Alemanha, Bonhoeffer cogitou não retornar mais para lá. Então, foi repreendido por seu mentor, Karl Barth, que lhe disse que, se não se dispusesse a sofrer com seu povo, não deveria crer que fosse capaz de ajudar a reconstruí-lo. Bonhoeffer foi um dos principais líderes da Igreja Confessante, que se opunha ao nazismo e que, sob a orientação de Barth, elaborou a Declaração de Barmen, de 1934, cujos signatários se recusavam a submeter a Palavra de Deus ao controle nazista.
Em 5 de abril de 1943, dois agentes da Gestapo chegaram à casa dos pais de Bonhoeffer para detê-lo por suspeita de atuação na resistência alemã. Na ocasião, Bonhoeffer já estava envolvido em um esquema para matar Hitler, embora não se soubesse disso à época. Ficou um ano e meio encarcerado na prisão militar de Tegel, em Berlim, onde aguardou julgamento. Fracassada a tentativa de assassinato de Hitler em 20 de julho de 1944, acusaram Bonhoeffer de ter tomado parte na conspiração. Ele foi transferido para o presídio de segurança máxima da Gestapo; depois, para o campo de concentração de Buchenwald; e, finalmente, de lá para Flossenbürg, onde foi executado na madrugada de 9 de abril de 1945.
FONTE: @mundocristao

Porque os evangélicos falam mal de Maria, se ela é a mãe de Deus? | Augustus Nicodemus

Em primeiro lugar, respondo que os verdadeiros cristãos não falam mal de Maria. Conforme a Bíblia, ela foi uma mulher muito especial, cheia de fé e disposta a servir a Deus, quando a isto convocada. Ela foi a mãe de Jesus. Nenhum cristão, que conhece bem sua Bíblia, falaria mal de Maria, nossa irmã. Em segundo lugar, relembramos que os evangélicos, por sua vez, não atribuem a Maria o que a Igreja Católica atribui, o que inclui os seguintes dogmas:

1. A imaculada conceição de Maria, dogma promulgado pelo Papa Pio IX, decreta que, para ser mãe do Salvador que não tinha pecado, Maria mesma teria que ser isenta de pecado. Essa é uma ideia que contraria Rm 3.23, 24, que ensina a pecaminosidade de toda a raça humana, sem exceção, a não ser Jesus Cristo. 

2. A virgindade perpétua de Maria foi definida pelo Concílio Constantinopla II em 553. Esta doutrina ensina que a mãe de Jesus foi virgem antes, durante, depois do parto, e continuou a sê-lo durante sua vida de casada, de esposa e mãe. A insistência católico-romana na virgindade perpétua de Maria visa justificar o celibato dos seus sacerdotes e freiras. A Bíblia, no entanto, fala diferentemente: chama a Jesus de seu filho “primogênito” e não de “unigênito” . Grávida virgem, deu à luz virgem, porém Mateus 1.25 ensina que após o nascimento (e a purificação subsequente), passou a ter vida matrimonial perfeita e absolutamente normal: “... e não a conheceu enquanto ela não deu à luz um filho; e pôs-lhe o nome de Jesus”. (Mt 1.25). Os nomes de outros filhos de Maria com seu marido são Tiago, José, Simão e Judas, além das irmãs não nomeadas (cf. Mc 6. 3). 

3. A doutrina da co-redenção de Maria. Partindo do fato que Maria estava junto à cruz do Calvário, a Igreja Católica declara que ela foi e é “sócia na obra da salvação”. Esta idéia absurda contraria frontalmente textos bíblicos como: “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Cristo Jesus, homem” (1Tm 2.5). E ainda: “E em nenhum outro há salvação; porque debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, em quem devamos ser salvos” (At 4. 10-12).

4. A doutrina da Assunção diz que Maria, após a morte, teria sido levada corporalmente para o céu, dogma que foi promulgado em 1950 pelo Papa Pio XII. Nenhum ensino bíblico há sobre isso.

5. Maria, “Mãe de Deus” foi um dogma definido no Concílio de Éfeso em 431, e baseado na idéia de que a sua maternidade diz respeito à pessoa inteira de Jesus. Portanto, se Jesus é homem e é Deus, Maria é mãe do homem Jesus e Mãe de Deus (?!) Porém, em lugar algum, o Novo Testamento a chama “Mãe de Deus”. É mãe, sim, do filho de Deus. Nem “Mãe da Igreja”. São ensinos estranhos ao evangelho. 

A Igreja Católica ainda promove o culto e a adoração a Maria, que em alguns lugares é maior do que o culto a Jesus Cristo. Os cristãos protestantes e reformados não podem concordar com nada disto porque seguem apenas o que a Bíblia diz. E a Bíblia não dá base para nenhum destes dogmas da Igreja Católica. Para os protestantes, Maria foi uma crente fiel, que obedeceu ao mandato de Deus, e por isto merece nossa admiração e seu exemplo deve ser imitado. Mas, somente isto, nada mais.

Augustus Nicodemus

(ED) - Os Erros do Romanismo (54) É a Igreja Católica Apostólica Romana cristã - Parte 2 | Ageu Magalhães